Milhares de modelos de câmeras fotográficas foram produzidos e vendidos desde a invenção da fotografia por Niépce em 1826. Contudo, podemos agrupar todos esses modelos em algumas categorias principais, cada uma delas com suas características específicas.
Ainda assim, todas as câmeras seguem o mesmo princípio da camara obscura: são caixas escuras que permitem a entrada da luz apenas por um orifício, que projeta a imagem refletida dos objetos no seu interior. Essa imagem projetada é captada por uma superfície fotossensível, que pode ser um filme ou um dispositivo digital. Esse princípio está presente em todas a câmeras que veremos a seguir.
Pinhole
A lata de aveia que você vê acima é uma câmera fotográfica. A câmera mais simples que pode ser feita usa apenas o material básico necessário para produzir uma fotografia de acordo com o princípio da camara obscura e pode ser feita em casa. Consiste numa caixa ou numa lata com um furo que permite a entrada de luz, que sensibiliza um filme colado em seu interior. O nome pinhole vem do inglês pin (alfinete) e hole (furo), descrevendo o furo feito com um alfinete feito na lata para permitir a passagem de luz. Na verdade, o furo não é feito na lata, dura demais para isso, mas num papel colado a ela que permita fazer a menor abertura possível. Podemos ver um exemplo de pinhole feita com uma lata de aveia na imagem abaixo.
Grande Formato
Foto: Danny Burk
As câmeras mais antigas que costumamos ver em filmes, com o fotógrafo se posicionando atrás da cortininha preta entram nessa categoria. São máquinas que produzem negativos grandes, em forma de chapas únicas que são trocadas a cada foto. Ainda hoje são feitas e utilizadas, pois o tamanho amplo de seu negativo permite uma definição grande de detalhes. Por isso, usa-se muito em fotos de paisagens, por exemplo. As câmeras desse tipo tem, entre a lente e o plano onde a imagem se forma, um fole (geralmente uma lona sanfonada). A flexibilidade trazida pela fole permite que se varie a distância focal, bem como se façam correções de perspectiva e do plano de foco. O inconveniente desse tipo de câmera é, obviamente, o seu tamanho e peso.
Médio Formato: Twin-Lens Reflex (TLR)
Foto: Kenn Kiser
Com o tempo, o processo fotográfico foi se aperfeiçoando e outros formatos de filme foram surgindo. Com isso, também surgiram câmeras menores e mais compactas. Os filmes vendidos em rolo tiveram dois formatos muito populares, existentes até hoje. Um deles é o 120, chamado de médio formato. Na verdade o médio formato tem diversos tipos de aproveitamento do rolo de filme 120, dependendo do tipo de câmera usada. Há as que produzem negativos quadrados, enquanto outras criam imagens retangulares, de diferentes proporções. Um dos tipos de camera mais popular na primeira metade do século passado era o TLR. Essas câmeras tinham duas lentes: na de cima, a lente direcionava a imagem para um espelho (daí o nome reflex) que a refletia para a parte de cima da câmera, por onde o fotógrafo via a imagem. A lente de baixo, no entanto, era a que realmente fazia a foto, já que projetava sua imagem no filme quando o obturador era acionado, conforme mostra o diagrama abaixo:
Diagrama: Ted Ellis
Médio Formato: Single-Lens Reflex (SLR)
Mais simples do que ter duas lentes numa câmera é ter uma só. O sistema reflex se aperfeiçoou fazendo com que o espelho, fixo nas TLR, se movimentasse, permitindo que o fotógrafo visse a imagem pela mesma lente que realizaria a captura. O que se via, era, então, exatamente o que apareceria na foto: é o sistema chamado de através-das-lentes, ou TTL (through-the-lens). Esses sistema permitiu não apenas ver pela lente que realmente fazia a foto, mas também medições mais precisas nos fotômetros incorporados nas câmeras e facilitou muito a troca de objetivas. Em outros sistemas, o enquadramento era dificultado quando se trocavam objetivas, já que era preciso ajustar o campo de visão à distância focal da lente que se usava. Nas SLR, como sempre se vê através da própria lente, esse problema não exisitia. O funcionamento de uma SLR é parecido com o de uma TLR, com a diferença que o espelho reflete a imagem para cima enquanto o fotógrafo compõe a cena e sobe quando se pressiona o disparador, deixando a luz passar direto para o filme e descendo novamente em seguida.
35mm: Single-Lens Reflex (SLR)
O formato de filme (e conseqüentemente de câmeras) mais popular até hoje é o 35mm. Inventado na década de 30, usado no cinema, ainda permanece nas caixinhas penduradas ao lado das registradoras dos supermercados. O sistema SLR (assim como o TLR) também foi amplamente utilizado no formato 35mm, sendo a categoria de câmera mais utilizada por amadores avançados e profissionais durante a segunda metade do século passado. A maior parte das SLR de 35mm tem como característica, além do espelho, o uso do prisma, que permite olhar no visor a imagem refletida no espelho de forma correta e não invertida como ocorre no médio formato quando se olha diretamente por cima da câmera. O diagrama abaixo mostra o corte de uma típica câmera SLR de filme mecânica.
Na década de setenta começaram a surgir as primeiras câmeras com componentes eletrônicos. Com isso, as câmeras passaram a ter automatismos no foco e no controle da exposição, tornando a fotografia ainda mais fácil de ser feita. Além disso, também surgiu o motor drive, que avançava o filme rapidamente, permitindo fazer fotos em seqüência.
35mm: Rangefinders
Mas não era apenas de reflex que vivia o formato 35mm. Durante muito tempo o domínio nesse segmento foi das câmeras tipo rangefinder, na qual a visualização da foto era feita por um conjunto de visores e espelhos independentes da lente. Por não terem espelhos, eram câmeras menores e mais silenciosas. Alguns modelos permitiam a troca de objetivas, mas pela separação entre o sistema de focalização e a objetiva, muitas vezes isso requeria acessórios a parte. Ao longo do tempo, essas câmeras foram perdendo espaço, mas nunca deixaram de ser feitas. Até hoje existem novos modelos, como a Leica M8, já digital.
35mm: Compactas (aponte-e-dispare)
A partir do molde das rangifinder surgiu a classe de compactas de filme, câmeras mais baratas e populares. É provável que você tenha até mais de uma câmera desses empoeirada em alguma gaveta de sua casa. Embora se pareçam com rangefinders, elas não têm a mesma sofisticação técnica. Geralmente não permitem ajuste de foco, exposição ou abertura. O único controle é o do botão de disparo e do flash embutido, muitas vezes automático. O visor tem uma cobertura diferente da que a lente cobre ao fazer a foto, o que causa um erro chamado de paralaxe: o que se vê não é exatamente o que sai na foto, especialmente em distâncias curtas, por causa dessa separação entre o visor e a objetiva. Por conta desse despojamento tecnológico, junto com o corpo de plástico, seu preço é tão reduzido.
Digitais compactas
As câmeras digitais de tamanho compacto são parecidas, mas têm diversas “sucategorias” e diferenças importantes para quem tem mais conhecimento na operação dos equipamentos. Em comum, o fato — óbvio — de funcionarem com um sensor digital no lugar do filme e a possibilidade de visualizar as fotos antes e depois da captura pelo lcd. Algumas delas seguem o princípio das compactas de 35mm e são extremamente simples: tem poucos comandos e tudo funciona automaticamente, no melhor estilo aponte-e-dispare.
Outras, no entanto, tem recursos avançados que permitem maior controle sobre a forma como se fotografa e sobre o resultado final. Entre esses elementos, estão o lcd rotativo, capacidade de fotografar em formato RAW, controle manual de abertura e exposição, fotos em série, etc. Algumas delas, como a câmera abaixo, têm também lentes com uma faixa grande na variação de distância focal, ou, em outras palavras, um grande zoom. Há câmeras capazes de uma grande aproximação com o assunto, com zoom de mais de 12x. Por isso, a escolha de uma câmera desse segmento necessita de bastante pesquisa sobre os recursos que se deseja.
Digitais Single-Lens Reflex (DSLR)
As digitais SLR são muito parecidas com as SLR de filme eletrônicas que se mutiplicaram no mercado fotográfico nas décadas de 80 e 90. As únicas diferenças sensíveis são o fato de utilizar o sensor digital no lugar do filme e o uso do lcd para ver as fotos após serem batidas. A composição da foto continua sendo feita através do visor que recebe a imagem do espelho e a câmera continua tendo uma cortina que recobre o sensor até que se faça a foto. Como é possível ver no diagrama abaixo, pouca coisa mudou na arquitetura das câmeras:
As DSLR também permitem a troca de objetivas como suas irmãs de filme. Na verdade, a maior parte dos fabricantes manteve a compatibilidade, ou seja, é possível usar as mesmas lentes das câmeras de filme nas atuais câmeras digitais, salvo algumas exceções que podem ser resolvidas com adaptadores.
Há outros tipos de câmera que não foram abordadas nesse texto, mas sua utilização é mais restrita, como as estereoscópicas, TLR de 35mm, rangefinders médio formato, digitais de médio e grande formato. As categorias apresentadas, no entanto cobrem a grande maioria do equipamento utilizado por amadores e profissionais.
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