O termo “contemporâneo” refere-se ao que é atual, ao que ocorre no nosso tempo. Sendo assim, seguindo literalmente a expressão, poderíamos classificar qualquer fotografia feita hoje como fotografia contemporânea. Será que é possível, no entanto, reunir algumas características da fotografia atual que a distinguiriam da fotografia feita em outros momentos históricos? Parece uma tarefa muito difícil, pois se tivermos em mente que nunca se fotografou tanto, nunca mostramos e vimos tantas fotos o tempo todo, como estabelecer um panorama? Se pensarmos na quantidade de fotos feitas hoje, provavelmente teremos exemplo de todos os tipos de pontos de vista, de métodos, de técnicas…
Não obstante, talvez seja essa quantidade enorme de fotografias que leve justamente ao que é essencial da fotografia do nosso tempo. Até um tempo atrás, só se fotografava o que era fotografável: um evento significativo, uma viagem, um ensaio planejado etc. As dificuldades técnicas e de custo faziam com que a fotografia fosse a validação de algo especial. Hoje, com a facilidade do digital, se fotografa tudo. Qualquer coisa se tornou fotografável. E, se alguns veem nisso algo banalizador, massificador, há uma contrapartida: vemos em fotografias coisas que não víamos antes. E, se soubermos filtrar, veremos nos blogs, nas redes sociais, nas galerias online a poesia e a beleza do dia-a-dia, do simples viver. A fotografia contemporânea tem como característica especial essa possibilidade de olhar de forma poética para o simples, o sutil, o cotidiano que leva à valorização do trivial. E o que temos em 99% das nossas vidas é o trivial, acho isso muito positivo.
Há também uma questão técnica e estética: uma vez que já entendemos que a fotografia não é um simulacro, e sim uma representação cujo aspecto depende das características do aparelho, não é mas necessário buscar a ilusão perfeita, a fotografia tecnicamente impecável. Daí muitos autores jogarem com métodos alternativos, justamente buscando ressaltar a impressão que querem causar, entendendo a fotografia como uma criação e não como um registro. A fotografia de hoje não precisa mais ser perfeita, nem espetacular, nem contundente. Ela simplesmente mostra o que somos, sem truques ou disfarces.
Como é melhor mostrar do que tentar explicar, reuni algumas fotografias postadas sob licença Creative Commens noFlickr que reúnem as características que comentei. Para ver o nome do autor, basta passar o mouse sobre a foto.
[…] This post was mentioned on Twitter by Felipe Meyenberg and Melissa Andreata, Rodrigo F. Pereira. Rodrigo F. Pereira said: "Fotografia contemporânea" no Câmara Obscura: http://wp.me/peyqW-o4 […]
Sim, Rodrigo- ela simplesmente mostra o que somos- e como vc vê nas imagens acima- alguns tem discernimento e cultura de estética e outros não tem- e embora a arte contemporânea se esqueceu completamente do que era a estética- ela mostra bem a diferença entre os que a conhecem e utilizam e os que não a conhecem. E quem sabe com um pouco mais de bombardeamento de imagens de baixa qualidade ficaremos tão fartos que voltaremos a apreciar as imagens de qualidade estética- aquelas nas quais o crop, a cor, o contraste, a riqueza de tons e o inédito, a regra dos terços e outros que tais voltarão a ser apreciados.
Eu não sei se com o bombardeamento de imagens de baixa qualidade o nível irá baixar ou subir. Acho que irá continuar como era antes. Alguns se interessam e outros não. Vejo aquelas fotinhos de aniversário feitas pelos familiares desde sempre. Não acho que se faça o que não foi feito antes. Apenas os meios propiciam que uma quantidade maior dessas fotos cheguem aos nossos olhos.
Com certeza, Rodrigo. E acrescento que se hoje em dia existe uma maior aceitação ao erro e ao acaso, acredito que foi devido ao fato de passarmos anos explorando ao máximo a possibilidade técnica que a fotografia digital nos oferece em poder tonar a imagem praticamente perfeita. Isso com o tempo foi se esgotando, as pessoas ficaram cansadas desse excesso de perfeição e pouca vida. Hoje em dia você tem cameras super modernas que rendem arquivos de altíssima qualidade, mas o que se ve muito é o fotógrado buscar o “erro”, tirar nitidez, acrescentar ruído, textura, …enfim, tentar extrair daquilo um pouco mais de vida, ou do que faz perta da nossa realidade ao invés de fotografias “de plástico”, frias e que repesentam pouco do que somos.
Bem legal o texto, no fim só restarão lembranças… triviais…
[…] Fonte: Câmara Obscura […]
legal
Sim, Rodrigo- ela simplesmente mostra o que somos- e como vc vê nas imagens acima- alguns tem discernimento e cultura de estética e outros não tem- e embora a arte contemporânea se esqueceu completamente do que era a estética- ela mostra bem a diferença entre os que a conhecem e utilizam e os que não a conhecem. E quem sabe com um pouco mais de bombardeamento de imagens de baixa qualidade ficaremos tão fartos que voltaremos a apreciar as imagens de qualidade estética- aquelas nas quais o crop, a cor, o contraste, a riqueza de tons e o inédito, a regra dos terços e outros que tais voltarão a ser apreciados.
finalmente achei uma resposta que eu mereço