A Luz de Bill Brandt

Podemos discutir uma série de aspectos técnicos e estéticos sobre fotografia, como composição, corte, enquadramento, cores etc. Mas há um elemento que sempre funciona como divisor de águas entre as grandes fotografias e o resto: o aproveitamento da luz.

Não é para menos, uma vez que a luz é a matéria prima da fotografia. Contudo, não se trata apenas de saber se há luz suficiente ou não, que é o determinado pela fotometria, ou na manipulação de uma lâmpada de estúdio. O segredo está na leitura dos padrões de luminosidade da cena, especialmente no jogo de luz e sombras, na temperatura e na maneira como a luz delineia formas e texturas.

Para ilustrar a importância desse aspecto, selecionei três fotos de Bill Brandt, tido como fotógrafo inglês mais influente e admirado do século 20.

Essa primeira imagem mostra como a combinação de áreas iluminadas e totalmente escuras compõem a foto, muito mais do que a simples forma dos objetos. Ele intencionalmente escureceu o muro para que contrastasse com a casa e o piso e assim tivesse importância na composição. Ou seja, ele foi aqui muito além do que poderíamos pensar como “fotometria correta”.

Essa segunda foto é genial, pois, com a ajuda do padrão criado pela luz dura, transformou os dedos em pedras, quase abdicando do objeto e retendo-se simplesmente na forma.

Esta é a minha preferida, pois vai contra o que é “correto” em iluminação artificial ao destruir a textura da pele e desaparecer com metade do corpo da modelo. Restam apenas algumas partes, fantasmagóricas e soltas, sem conexão, quase como se fosse uma fotografia cubista, se isso fosse possível. A luz é utilizada aqui da forma mais subversiva possível, pois define a foto de uma maneira incômoda e pouco convencional.

Outro nu do mesmo fotógrafo que seguem a mesma linha:

É importante perceber que essas fotos também receberam tratamento especial na revelação e ampliação para atingir esse alto contraste.

As fotografias de Brandt são um ótimo exemplo de como usar a técnica de uma maneira não convencional a fim de obter um resultado específico. Para ele, a técnica é apenas um acessório para se conseguir um determinado fim; ela não dita as regras.

Fontes:
http://www.billbrandt.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Bill_Brandt

2 comentários em “A Luz de Bill Brandt”

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