Trocando o despolido da K100D

O despolido (ou focusing screen) é uma peça presente nas câmeras reflex responsável pela visualização do foco e pelas marcações que se vê no visor. Antigamente, as câmeras reflex tinha visores grandes e despolidos com recursos para auxiliar no foco, uma vez que muitas lentes não possuiam foco automático. Com a automatização os visores passaram ser menores, já que as câmeras são responsáveis pelo foco. Não é mais preciso conferir no olho se está tudo perfeitamente focado.

Com as câmeras digitais reflex mais simples, isso piorou bastante. Ficamos na total dependência do foco automático. Para quem gosta de usar lentes manuais, as Pentax até oferecem uma boa compatibilidade e o sistema de foco da câmera avisa quando o objeto está focado. Só que esse sistema não é muito preciso, ainda mais quando estamos usando grandes aberturas, que levam a uma profundidade de campo reduzida. Como tenho 3 lentes claras de foco manual, estava sofrendo muito com isso.

Resolvi então comprar um novo despolido, vendido no eBay por 28 dólares (incluindo frete). A peça vem de Hong Kong já com o material necessário para que o próprio usuário realize a troca, como mostram as fotos abaixo.

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Para fazer a instalação, é preciso remover a presilha metálica que suporta o despolido, como pode ser visto na foto abaixo. Para isso se utiliza a pinça de metal.

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Depois que a presilha é liberada, o despolido fica solto. Basta usar a pinça plástica para retirar um e colocar outro. Não se deve usar a pinça metálica pois ela pode riscar a peça.

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Em seguida, é só pressionar a presilha com o despolido de volta para o lugar com o dedo.

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A instalação está pronta. A nova peça não atrapalha o autofoco e permite um foco manual bem mais preciso, pois contém microprismas e um bipartido, que permitem conferir o foco. Veja como é o aspecto da peça instalada.

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E um teste prático. Fazendo o foco…

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E o resultado, foto com foco preciso mesmo usando uma lente manual em f/1.4.

Dupla Exposição

O termo dupla exposição refere-se a um efeito obtido através da sobreposição de duas captura fotográficas em apenas um suporte. Pode-se falar também em múltiplas exposições quando a sobreposição envolve três ou mais imagens. A dupla exposição é uma herança da época do filme e, inicialmente, não era considerado um efeito e sim um defeito. Ela ocorria freqüentemente quando o fotógrafo esquecia de trocar a chapa ou avançar o filme entre duas fotos, gerando imagens combinadas. Logo as câmeras mais populares passaram a ter um mecanismo para evitar que isso ocorresse. O obturador travava e só era liberado novamente quando o filme era avançado. Geralmente a alavanca de avanço fazia as duas coisas simultaneamente. No entanto, era possível, em algumas câmeras, burlar o mecanismo. Em outras, mais modernas, havia seletores ou opções de menu para produzir duplas exposições. Ou seja, com o tempo, o que era indesejado passou a ser uma opção.

Atualmente existem diversos modos de produzir imagens sobrepostas:

  • Diretamente no filme: através de uma opção da câmera, realiza-se diversas exposições sem avançar o filme
  • No papel: é possível, a partir de capturas únicas, sensibilizar o papel fotográfico com diversas imagens diferentes, produzindo o mesmo efeito
  • Na câmera digital: alguns modelos de câmeras digitais, especialmente as reflex de alto desempenho, têm uma opção para fazer a câmera sobrepor as imagens captadas
  • No programa de edição de imagens: é possível sobrepor duas fotos digitais através de software, usando camadas e opções de mesclagem para obter um efeito similar ao conseguido com filme

Para aqueles que querem fazer a dupla ou múltipla exposição direto no filme, é preciso lembrar de compensar a quantidade de luz que entra. Se o filme vai ser exposto duas vezes, é preciso que cada uma das exposições use apenas metade da luz ideal, para que a foto não saia clara demais. Consegue-se isso diminuindo um ponto de luz (fechando o diafragma um ponto ou aumentando a velocidade em um ponto). Se idéia é fazer quatro exposições sobrepostas, é preciso diminuir dois pontos de luz para cada exposição (cada foto vai ser feita com um quarto da luz ideal).

Uma outra maneira mais simples de compensar é alterando o ISO da câmera. Se o filme é ISO 200, por exemplo, e se quer fazer duplas exposições, configura-se a câmera para medir como se o filme fosse ISO 400. Para exposições quádruplas, ISO 800.

A dupla exposição é uma das técnicas que mais uso quando fotografo com filme. A idéia vai desde a produção de figuras geométricas até a criação de algumas atmosferas da noite urbana, como mostram as fotos abaixo.

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Comparação entre RAW e JPEG

Há alguns meses, postei um texto sobre o formato RAW, presente em diversas câmeras digitais, que retém mais informações e permite um maior controle durante a edição. No entanto, quando a coisa é visual, fica mais fácil entender as vantagens do formato.

Foi isso que o Ivan de Almeida fez, num comparativo entre RAW e JPEG orientado à preservação de detalhes, mostrando a superioridade do primeiro não apenas na edição de cor ou de luminosidade, mas também de nitidez:

http://ivandealmeida.multiply.com/calendar/item/10047

Modos de medição

Mais um pequeno texto técnico, motivado por uma dúvida que vi num fórum online sobre fotografia. Uma pessoa que pretendia comprar uma Canon 400D apontava a ausência de medição tipo spot nesse modelo e indagava o que isso significava na prática e se isso faria falta.

A resposta para mim parece óbvia: se não se sabe para que serve uma determinada função que não se utiliza, é lógico que ela não fará falta. Mas vamos ao assunto sério: o que são os tipos de modo de medição (metering modes) existente nas câmeras fotográficas?

Desde os anos sessenta, a maior parte das câmeras fotográficas contém alguma forma de medir a luz. Isso porque determinar a quantidade de luz que entra pelo diafragma é um dos pontos mais essenciais da técnica fotográfica, já que a exposição do filme ou do sensor à luz necessita de alguma precisão para que a imagem seja registrada de forma adequada.

Portanto, as câmeras fotográficas contam com fotômetros embutidos. Geralmente, esses fotômetros medem a luz refletida pelos objetos que estão no enquadramento da cena e indicam que há muita, pouca ou quantidade adequada de luz passando pela lente. Se você usa o modo automático, a câmera, através da medição de luz, determinará por conta própria a abertura do diafragma e a velocidade do obturador que permitirá a passagem de luz nessa quantidade adequada. O fotômetro é extremamente útil, mas é preciso lembrar que ele é burro. Isso significa que ele sempre indicará uma quantidade média de luz como ideal. Na prática, significa que se você fotografar uma parede branca ou uma parede preta no modo automático (ou no modo manual deixando o fotômetro no “0”), ambas sairão cinzas. Por isso, é preciso compensar a indicação que o fotômetro dá de acordo com as características de luz da cena.

Os diferentes modos de medição também auxiliam na flexibilização da leitura do fotômetro. Os tipos mais comuns são os seguintes:

Matrix ou evaluative: é o modo “inteligente” que considera o quadro como um todo na busca de uma exposição equilibrada (de acordo com um banco de dados de situações de luz, segundo os fabricantes), que perca o mínimo de detalhes nas sombras e nas altas-luzes. Permite pouco uso criativo por parte do fotógrafo, mas acerta na maior parte das situações ordinárias, sendo útil para os que não querem se preocupar com fotometria.

Center-weighted: também considera o quadro como um todo, mas dá importância maior para o centro. Significa que se há uma diferença de luminosidade entre um primeiro plano centralizado e o fundo, a câmera tenderá a basear a exposição pelo centro, mesmo que isso signifique um fundo escuro ou estourado.

Spot: mede apenas uma pequena área do quadro. É útil para os especialistas em fotometria que gostam de medir diversos pontos da cena, para os que utilizam o sistema de zonas e quando se quer que uma determinada área do quadro apareça com um tom médio de luminosidade. É o modo menos prático e muito suscetível a erros, especialmente para os iniciantes, mas que permite um controle maior sobre a exposição.

Minhas câmeras de filme tem fotômetro de agulha que funciona com o sistema center-weighted. Com alguma paciência e treino é possível fazer uma boa medição mesmo com os sistemas menos sofisticados. Além disso, sempre é possível usar um fotômetro externo ou até mesmo nenhum, guiando-se através de valores memorizados ou utilizando um guia como o que foi divulgado no texto sobre Fotografia sem Fotômetro.

O formato RAW

Fotografias digitais, como qualquer outro arquivo eletrônico, são formadas por milhões de bytes que, por sua vez, são combinações de dígitos. Ou seja, em última instância, suas fotos digitais são apenas uma gigantesca série de 0 e 1. Se antigamente a qualidade de uma foto era determinada pelas características do papel e das reações químicas, agora ela reflete as características da informação que a forma.

A fotografia continua sendo um processo físico, no que se refere à captura da luz pelas lentes. No entanto, quase toda a etapa química — sensibilização e revelação do negativo — foi substituída por um processo eletrônico, que transforma a luz em sinais elétricos que são armazenados na forma de dados binários. Discussões sobre qualidade à parte, o interessante disso é que, se você tiver um computador e um programa de edição de imagens, pode modificar toda a informação contida na foto, o que é uma ferramenta fantástica e acessível. Antes, para se produzir efeitos que se consegue hoje com poucos cliques do mouse, era preciso gastar horas no laboratório — caso você tivesse acesso a um e soubesse como usá-lo.

A câmera digital captura a luz que passa pela lente e a transforma num arquivo eletrônico, que é a informação pura captada pelo sensor. Posteriormente, a partir dessa informação pura, é gerado um arquivo de imagem que segue um padrão comercial e é lido por qualquer editor de imagem ou navegador, que é o JPEG. O JPEG é um formato popular e comum de arquivo, que pode ser “entendido” por qualquer plataforma recente. Por isso, com o JPEG você pode visualizar suas fotos assim que as transfere do computador para a câmera, pode imprimi-las diretamente na sua impressora ou no laboratório e também colocá-las diretamente em qualquer site da web. Até o seu DVD player reconhece esse formato. O JPEG, então, é um pau-para-toda-obra que facilita muito a vida de quem não quer se preocupar com editar suas fotos.

No entanto, há algumas desvantagens. A principal delas é que se trata de um arquivo com compressão. A sua praticidade se deve a tamanhos reduzidos de arquivo que aceleram o tempo de transmissão, mas esse tamanho reduzido significa que o arquivo passou por um processo de compactação que, quanto mais agressivo, mas perde dados. Isso significa que, caso a compressão seja muito extrema, muitas das informações captadas pelo sensor no momento em que a foto foi feita são descartadas, a fim de tornar o arquivo menor. Geralmente é possível escolher, na própria câmera, entre modos de compressão mais ou menos agressivos, que aparecem nos menus como “qualidade da imagem” e geralmente as opções são normal, fine, extra-fine ou algo do tipo.

Se as fotos são utilizadas pra fins que requerem arquivos pequenos, como a internet, pouca diferença será vista entre os diversos níveis de compactação. No entanto, se a imagem for ampliada — tanto na tela como no papel — em um tamanho grande, a discrepância é notável, sendo que os efeitos visíveis são geralmente imagens pixelizadas, com pouca nitidez e transições menos suaves de tons.

Para aqueles que costumam mexer em suas fotos com freqüência e que usam suas fotos para fins nos quais a compressão do JPEG é um problema, uma opção é usar o arquivo RAW (pronuncia-se WRÓ). O RAW é um arquivo que tem aquela informação “pura” do sensor, sem nenhum tipo de compressão. Na verdade, o RAW nem é um arquivo de imagem propriamente dito, e por isso não é “entendido” por programas como navegadores da web, por exemplo. Para abrir e editar um arquivo RAW você precisa de programas específicos para esse fim. Além da compatibilidade restrita, o RAW é um arquivo grande, pela ausência de compressão e também enfrenta outro problema: cada fabricante tem o seu. Por isso, um software para editar RAW precisa ser compatível com o formato de cada fabricante. A Adobe vem tentando implementar seu formato de RAW, o DNG (digital negative) como padrão, mas ainda sem sucesso.

Com tantas desvantagens, ainda vale a pena usar esse tipo de arquivo? Se você quer maximizar as possibilidades na edição de suas fotos, a resposta é sim. O RAW é um arquivo com muito mais informações do que o JPEG, que tem uma profundidade de cor limitada e o problema da compressão. Por isso, é possível fazer alterações que não seriam viáveis em outro formato. Por exemplo, pode-se recuperar áreas de “estouro” ou descobrir detalhes nas sombras que seriam perdidos para sempre no JPEG. Consegue-se aplicar curvas de contraste mais agressivas sem deteriorar tanto a imagem. E há muito mais flexibilidade no trabalho com as cores. Depois de editar a imagem, pode-se gerar um JPEG ou um TIF para a aplicação que se deseja. Mas o arquivo RAW nunca é alterado: as modificações são salvas em um arquivo à parte. Portanto, você terá sempre o original e pode gerar quantas “cópias” com tratamentos diferentes quiser.

Os programas de edição que suportam RAW — ou que são feitos exclusivamente para esse fim — têm aumentado em número e em possibilidades. A Adobe oferece duas opções: um plug-in para o Photoshop (suportado a partir da versão CS2), chamado Adobe Camera RAW ou o Lightroom, que tem recursos poderosos e vem sendo festejado como uma das opções mais completas para fotógrafos profissionais e amadores. Mas quem não quiser abrir a carteira pode procurar programas que têm versões gratuitas, como o Capture One e o Silkypix. Além disso, os softwares de edição que vêm com as câmeras também lêem e editam arquivos RAW.

lightroom.jpg
Tela do Adobe Photoshop Lightroom

E aí talvez venha a decepção para alguns dos leitores: só as câmeras digitais de nível intermediário ou superior têm a opção de salvar arquivos RAW. A maior parte das câmeras compactas salva apenas em JPEG. E isso é dessa forma apenas por uma questão mercadológica, já que salvar ou não em RAW é uma característica do software, e não de hardware. Os fabricantes, para segmentar o mercado, deixam alguns recursos de fora dos modelos mais comuns.

A possibilidade de manipular as próprias fotos de maneira simples e acessível é um dos maiores ganhos da tecnologia digital. No entanto, as escolhas que se faz no momento da captura determinam se o leque de opções no momento da edição. O RAW é uma das opções que tornam o leque do processamento muito mais amplo, embora com o custo de arquivos maiores e menos práticos, e simplesmente não existe para os donos de compactas cujos fabricantes optam por subestimar, ao retirar recursos por questões de mercado.

Os médios formatos

MC GlasgowHá três principais categorias de filmes, em relação ao tamanho dos fotogramas que produzem: o 35mm, o médio formato e o grande formato, que usa chapas individuais para cada foto. No entanto, apesar de usar sempre o mesmo filme, há diversos tamanhos de médio formato, bem como uma diversidade de câmeras que usam os negativos de 6cm.

O filme 120 tem sempre 6cm de largura. Ele não tem furos como o 35mm, pois geralmente não se avança e depois se rebobina o filme: ele passa de um cassete para outro no interior da câmera. Ele tem duas tiras de papel preto antes e depois do filme, de forma que este só seja exposto quando está dentro da câmera. Dependendo do formato utilizado, um rolo de 120 rende de 4 a 16 fotos. O filme 220 não tem esse papel, portanto rende o dobro de fotos por rolo.

Há diversos tipos de câmera que usam o médio formato. Há as TLR, como a Rolleiflex, que usam duas lentes, uma para visualização e outra para efetivamente fazer a foto. Há as SLR, como a Hasselblad 500, em que se visualiza a imagem no visor capuchão. Há outras SLR que são como uma câmera de 35mm gigante, nas quais a composição é feita por um visor prismático. E há as rangefinders, como a Mamiya 7, em que o visor é independente da objetiva. Muitos modelos, como a Mamiya 645, possuem acessórios intercambiáveis que mudam o aspecto da câmera.

O mais interessante, no entanto, são os diversos formatos que cada sistema produz, pois isso afeta diretamente a experiência de fazer e ver as fotos. O médio formato é extremamente versátil por conta disso. Vamos a cada um dos tamanhos.

6×4,5
645
© Stephen Stills

A proporção 6cm por 4,5cm é de 4×3, similar a grande parte das câmeras digitais atuais. É como as telas de televisão e de monitores não-widescreen. Embora seja o menor médio formato, a área do negativo ocupada por uma foto é três vezes maior do que num filme de 35mm, já possibilitando ampliações maiores. Cada rolo de 120 rende 16 fotos.

6×6
6x6
© Martina Lanotte

O mais clássico e popular dos médios formatos. A foto é quadrada, o que altera muito a forma de compor a imagem e geralmente traz resultados muito interessantes, como pode ser visto neste grupo do Flickr. É um formato democrático, pois está presente em diversos equipamentos, desde a toy-camera Holga até as Hasselblad mais incrementadas, passando pelas TLR. Cada rolo rende 12 fotos.

6×7
6x7
© Tommy Oshima

É um formato “quase” quadrado, com a largura um pouco maior do que a altura. Muito utilizado por fotógrafos profissionais, por ter uma grande área de filme utilizado, resultando em melhor qualidade em ampliações e por ter uma proporção aplicável em uma série de tamanhos de papel. Rende 10 fotos por rolo.

6×8 e 6×9
6*9
© Bill Stilwell

Atualmente resistem com maior destaque em câmeras da Fuji, mas foram utilizados em câmeras dobráveis da década de 50. O formato 6×9 tem proporção igual ao filme 35mm. Rendem 8 fotos por rolo.

6×12
6x12
© Ross Orr

Formato panorâmico, em que a largura é o dobro da altura. Usado mais comumente com adaptadores em câmeras grande formato, embora haja alguns modelos específicos para essa proporção de fotograma, como a Linhof Technorama 612. Seis fotos por rolo.

6×17
6x17
© Toru Aihara

Um formato panorâmico ainda mais extenso, que permite apenas 4 fotos por rolo de filme 120. Traz resultados bastante interessantes também se utilizada na vertical.

Há um modelo de câmera, a Glide, que reúne todos os formatos desde o 6×6 até o 6×17, através de uma cortina de tamanho variável.

Fotografar com médio formato, seja qual for, geralmente é ainda mais lento e pensado do que usar filme 35mm. Pelo fato das lentes serem mais longas, há menor profundidade de campo. O tamanho e peso das câmeras muitas vezes obriga o uso de tripé. A visualização das cenas, especialmente nas câmeras com visor capuchão, é bastante diferente. Ou seja, é um formato que não se sustenta apenas pela maior qualidade de ampliação, mas sim pelo desejo de uma experiência fotográfica diferente.

Fontes
Flickr
Ken Rockwell
Luminous Landscape
Photo.net
Wikipedia

Foto do topo: © MC Glasgow

Todas as fotos desse texto foram utilizadas sob licença Creative Commons.

Guia para fotografia sem fotômetro

Nos dias de hoje, é incomum fotografar sem utilizar um fotômetro. Isso porque praticamente todas as câmeras têm um medidor de luz embutido. Mesmo aquelas sem possibilidade de controlar os ajustes de velocidade e abertura baseiam seu desempenho automático na medição das condições de luz em que a foto é feita.

Entretanto, há muitas pessoas — como eu — que utilizam câmeras mais antigas, sem fotômetro acoplado, ou mesmo mais modernas, como modelos de médio formato, que não contam com esse recurso. O problema pode ser resolvido de duas formas: usando um fotômetro de mão ou calculando a exposição de acordo com as condições de luz.

Identificar a exposição correta de uma cena é relativamente simples; muitos fotógrafos experientes já sabem de cor as combinações de abertura e velocidade adequadas para cada tipo de cena. É algo que vai se decorando conforme o uso. A forma “intuitiva” de expor é facilitada quando se usa negativo, tolerante a erros de exposição. No entanto, aqueles que ainda não têm todo esse conhecimento podem precisar de uma referência.

Pensando nisso, compilei algumas informações de sites da internet com outras coisas que eu já sabia e criei um pequeno guia para se fotografar sem o auxílio de um fotômetro. Ele consiste basicamente de duas tabelas: uma em que se verifica o valor de exposição (EV) de cada condição de luz e outra na qual se transforma esse EV em uma relação de abertura e velocidade na câmera.

O arquivo está em formato PDF e deve ser impresso numa folha A4, frente e verso, e posteriormente dobrada para facilitar o transporte. Para baixar o guia, basta clicar aqui.

Composição em Fotografia

Depois do desenvolvimento do conceito, ou seja, do tema e do conteúdo da foto, a composição é o aspecto mais importante na construção da imagem. Muitas pessoas confundem composição com enquadramento. Na verdade, é algo mais amplo que engloba o enquadramento. Compor consiste em organizar os elementos da foto, considerando:
• Luz
• Cores
• Formas
• Linhas
• Planos
• Foco
• Ângulo
• Enquadramento
• Distância focal

Dá pra notar que é uma questão que, dependendo da foto, pode se tornar bastante ampla. O que é preciso ter como guia é que todos os elementos da composição devem se subordinar ao desenvolvimento conceitual da foto, ou seja, a idéia, a mensagem que está sendo retratada. Portanto, não há regras ou certos e errados: há apenas o uso coerente ou não das possibilidades. E é essa coerência que determinará se a foto vai funcionar ou não. Cada um dos tópicos tem links para fotos em galerias online que exemplificam o bom uso de cada um dos recursos.

Luz

Toda fotografia depende de luz, mas é o uso criativo dela que traz melhores resultados. Há inúmeras maneiras de iluminar ou aproveitar a luz de uma cena. É preciso saber, para a proposta com a qual se está trabalhando, o que deve ou não ser mostrado. Quando é importante que tudo no quadro seja identificável ou visível, a luz deve ser abundante, podendo-se inclusive utilizar formas artificiais de iluminação. Outras possibilidades podem se basear no uso seletivo da luz, fazendo com que ela incida com mais intensidade naquilo que se pretende destacar. É preciso lembrar que o tipo de luz terá influência no aspecto global da foto, já que interfere nas cores, texturas e forma dos objetos.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Cores

Cores são extremamente difíceis de se trabalhar, especialmente em cenas com diversos elementos. Muitos fotógrafos preferem fotografar em preto-e-branco justamente para não precisarem lidar com as cores, trabalhando mais a iluminação e as formas. No entanto, quando bem organizadas, as cores podem trazer um impacto maior a quem observa a foto. Novamente, tudo depende da proposta inicial. Será que as cores afastam ou aproximam o observador do conteúdo principal? A cor pode ajudar a realçar elementos importantes, tal como outras formas de destaque que podem ser utilizadas.
Há diversas possibilidades no trabalho com as cores, a fim de casar com a proposta da foto: saturação excessiva, pouca saturação, predominância de tons frios ou quentes, produção de cores “irreais” ou até a ausência de cor.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Formas

Incluir elementos que se assemelham a figuras geométricas de maneira organizada são ótimas maneiras de fortalecer a composição. Quadrados, retângulos, triângulos, círculos e elipses podem ser desenhados na foto a partir dos mais diversos elementos. Na verdade, é possível produzir fotos que explorem prioritariamente esse aspecto da composição, criando imagens com apelo gráfico e quase deixando de lado a figuração.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Linhas

Da mesma forma, é possível usar linhas para criar secções dentro do quadro como para conduzir o olhar do observador para o objeto de interesse ou para produzir padrões. O uso de linhas diagonais e pontos de fuga é uma maneira especialmente comum de destacar o assunto relevante.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Planos

Organizar uma imagem em planos é hierarquizar seus elementos. O primeiro plano é o que se situa mais próximo da câmera, e geralmente contém o assunto principal. Podem-se ter diversos planos em diferentes distâncias do aparelho fotográfico, de forma que, por conta da perspectiva, eles terão proporções distintas. Contudo, é possível subverter a ordem lógica colocando o assunto principal no fundo, por exemplo. Geralmente essas alternativas usam o foco, a luz ou as linhas para fazer com que a imagem funcione.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Foco

O foco determina o que estará nítido na imagem, consequentemente definindo pontos de leitura mais ou menos fácil. O foco seletivo consiste em deixar parte das imagens mais nítidas do que outras, selecionando o ponto de interesse, já que inevitavelmente o observador procura áreas nítidas para fixar o olhar. Esse é um dos expedientes mais usados pelos fotógrafos para criar destaque nas imagens. O foco é uma das poucas opções na composição que deve ser feita através da câmera e não por um trabalho mental ou visual da cena. O foco seletivo está ligado à baixa profundidade de campo, que pode ser obtida com aberturas maiores do diafragma, maior distância focal da lente (zoom) e menor distância entre a câmera e o objeto.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Ângulo

A posição na qual o fotógrafo se coloca em relação à cena, bem como a posição da câmera, interferem profundamente no resultado final, já que altera a disposição dos elementos e principalmente a perspectiva representada na imagem. A inclinação da câmera frente a uma superfície plana (como a fachada de um prédio) fará com que as linhas convirjam ou divirjam, enquanto deixar a lente paralela ao plano fará com que as linhas permaneçam retas. Em retratos, faz uma grande diferença se a câmera está na mesma altura, acima ou abaixo da pessoa fotografada. Não há certo ou errado: há objetivos que devem ser pensados antes e que determinarão a melhor maneira de fazer a foto.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Enquadramento

O enquadramento consiste em decidir o que estará dentro do quadro, ou seja, qual corte será feito. A fotografia sempre envolve o que está dentro do quadro e o que está fora dele e não é visto. O que está fora, obviamente, só pode ser imaginado. No entanto, o jogo entre o que é mostrado e não é mostrado pode ser muito interessante se explorado com habilidade. Novamente, vai da proposta. Se a idéia é apenas mostrar um lugar, uma pessoa ou um objeto, talvez seja melhor não realizar cortes significativos no assunto. Agora, se a intenção é provocar algum tipo de inquietação no observador, escondendo aspectos relevantes para a compreensão da cena, os cortes abruptos podem ser uma ferramenta interessante.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Distância focal

A distância focal da lente utilizada é extremamente importante na composição, pois altera a sensação de perspectiva e a disposição dos planos. Lentes com distância focal pequena — grande-angulares — afastam os planos e dão uma sensação de imersão na imagem, especialmente por distorcer as linhas. Já as teleobjetivas aproximam os planos, dando uma impressão de achatamento.

Exemplo 1

Exemplo 2

Exemplo 3

Além desses pontos, ainda há outros: a composição é a construção da fotografia e, como tal, tem infinitas possibilidades. Existem muitas regras sobre composição, que podem ser bastante úteis. No entanto, é sempre a proposta inicial que deve guiar a composição, de forma a se produzir fotos consistentes. Não há um jeito certo de compor, há apenas a coerência entre conteúdo e forma.

Tipos de câmeras analógicas e digitais

Image Hosted by ImageShack.usMilhares de modelos de câmeras fotográficas foram produzidos e vendidos desde a invenção da fotografia por Niépce em 1826. Contudo, podemos agrupar todos esses modelos em algumas categorias principais, cada uma delas com suas características específicas.

Ainda assim, todas as câmeras seguem o mesmo princípio da camara obscura: são caixas escuras que permitem a entrada da luz apenas por um orifício, que projeta a imagem refletida dos objetos no seu interior. Essa imagem projetada é captada por uma superfície fotossensível, que pode ser um filme ou um dispositivo digital. Esse princípio está presente em todas a câmeras que veremos a seguir.

Pinhole

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Foto: Douglas Whitaker

A lata de aveia que você vê acima é uma câmera fotográfica. A câmera mais simples que pode ser feita usa apenas o material básico necessário para produzir uma fotografia de acordo com o princípio da camara obscura e pode ser feita em casa. Consiste numa caixa ou numa lata com um furo que permite a entrada de luz, que sensibiliza um filme colado em seu interior. O nome pinhole vem do inglês pin (alfinete) e hole (furo), descrevendo o furo feito com um alfinete feito na lata para permitir a passagem de luz. Na verdade, o furo não é feito na lata, dura demais para isso, mas num papel colado a ela que permita fazer a menor abertura possível. Podemos ver um exemplo de pinhole feita com uma lata de aveia na imagem abaixo.

Grande Formato

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Foto: Danny Burk

As câmeras mais antigas que costumamos ver em filmes, com o fotógrafo se posicionando atrás da cortininha preta entram nessa categoria. São máquinas que produzem negativos grandes, em forma de chapas únicas que são trocadas a cada foto. Ainda hoje são feitas e utilizadas, pois o tamanho amplo de seu negativo permite uma definição grande de detalhes. Por isso, usa-se muito em fotos de paisagens, por exemplo. As câmeras desse tipo tem, entre a lente e o plano onde a imagem se forma, um fole (geralmente uma lona sanfonada). A flexibilidade trazida pela fole permite que se varie a distância focal, bem como se façam correções de perspectiva e do plano de foco. O inconveniente desse tipo de câmera é, obviamente, o seu tamanho e peso.

Médio Formato: Twin-Lens Reflex (TLR)

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Foto: Kenn Kiser

Com o tempo, o processo fotográfico foi se aperfeiçoando e outros formatos de filme foram surgindo. Com isso, também surgiram câmeras menores e mais compactas. Os filmes vendidos em rolo tiveram dois formatos muito populares, existentes até hoje. Um deles é o 120, chamado de médio formato. Na verdade o médio formato tem diversos tipos de aproveitamento do rolo de filme 120, dependendo do tipo de câmera usada. Há as que produzem negativos quadrados, enquanto outras criam imagens retangulares, de diferentes proporções. Um dos tipos de camera mais popular na primeira metade do século passado era o TLR. Essas câmeras tinham duas lentes: na de cima, a lente direcionava a imagem para um espelho (daí o nome reflex) que a refletia para a parte de cima da câmera, por onde o fotógrafo via a imagem. A lente de baixo, no entanto, era a que realmente fazia a foto, já que projetava sua imagem no filme quando o obturador era acionado, conforme mostra o diagrama abaixo:

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Diagrama: Ted Ellis

Médio Formato: Single-Lens Reflex (SLR)

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Mais simples do que ter duas lentes numa câmera é ter uma só. O sistema reflex se aperfeiçoou fazendo com que o espelho, fixo nas TLR, se movimentasse, permitindo que o fotógrafo visse a imagem pela mesma lente que realizaria a captura. O que se via, era, então, exatamente o que apareceria na foto: é o sistema chamado de através-das-lentes, ou TTL (through-the-lens). Esses sistema permitiu não apenas ver pela lente que realmente fazia a foto, mas também medições mais precisas nos fotômetros incorporados nas câmeras e facilitou muito a troca de objetivas. Em outros sistemas, o enquadramento era dificultado quando se trocavam objetivas, já que era preciso ajustar o campo de visão à distância focal da lente que se usava. Nas SLR, como sempre se vê através da própria lente, esse problema não exisitia. O funcionamento de uma SLR é parecido com o de uma TLR, com a diferença que o espelho reflete a imagem para cima enquanto o fotógrafo compõe a cena e sobe quando se pressiona o disparador, deixando a luz passar direto para o filme e descendo novamente em seguida.

35mm: Single-Lens Reflex (SLR)

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O formato de filme (e conseqüentemente de câmeras) mais popular até hoje é o 35mm. Inventado na década de 30, usado no cinema, ainda permanece nas caixinhas penduradas ao lado das registradoras dos supermercados. O sistema SLR (assim como o TLR) também foi amplamente utilizado no formato 35mm, sendo a categoria de câmera mais utilizada por amadores avançados e profissionais durante a segunda metade do século passado. A maior parte das SLR de 35mm tem como característica, além do espelho, o uso do prisma, que permite olhar no visor a imagem refletida no espelho de forma correta e não invertida como ocorre no médio formato quando se olha diretamente por cima da câmera. O diagrama abaixo mostra o corte de uma típica câmera SLR de filme mecânica.

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Fonte: Encarta

Na década de setenta começaram a surgir as primeiras câmeras com componentes eletrônicos. Com isso, as câmeras passaram a ter automatismos no foco e no controle da exposição, tornando a fotografia ainda mais fácil de ser feita. Além disso, também surgiu o motor drive, que avançava o filme rapidamente, permitindo fazer fotos em seqüência.

35mm: Rangefinders

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Mas não era apenas de reflex que vivia o formato 35mm. Durante muito tempo o domínio nesse segmento foi das câmeras tipo rangefinder, na qual a visualização da foto era feita por um conjunto de visores e espelhos independentes da lente. Por não terem espelhos, eram câmeras menores e mais silenciosas. Alguns modelos permitiam a troca de objetivas, mas pela separação entre o sistema de focalização e a objetiva, muitas vezes isso requeria acessórios a parte. Ao longo do tempo, essas câmeras foram perdendo espaço, mas nunca deixaram de ser feitas. Até hoje existem novos modelos, como a Leica M8, já digital.

35mm: Compactas (aponte-e-dispare)

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A partir do molde das rangifinder surgiu a classe de compactas de filme, câmeras mais baratas e populares. É provável que você tenha até mais de uma câmera desses empoeirada em alguma gaveta de sua casa. Embora se pareçam com rangefinders, elas não têm a mesma sofisticação técnica. Geralmente não permitem ajuste de foco, exposição ou abertura. O único controle é o do botão de disparo e do flash embutido, muitas vezes automático. O visor tem uma cobertura diferente da que a lente cobre ao fazer a foto, o que causa um erro chamado de paralaxe: o que se vê não é exatamente o que sai na foto, especialmente em distâncias curtas, por causa dessa separação entre o visor e a objetiva. Por conta desse despojamento tecnológico, junto com o corpo de plástico, seu preço é tão reduzido.

Digitais compactas

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As câmeras digitais de tamanho compacto são parecidas, mas têm diversas “sucategorias” e diferenças importantes para quem tem mais conhecimento na operação dos equipamentos. Em comum, o fato — óbvio — de funcionarem com um sensor digital no lugar do filme e a possibilidade de visualizar as fotos antes e depois da captura pelo lcd. Algumas delas seguem o princípio das compactas de 35mm e são extremamente simples: tem poucos comandos e tudo funciona automaticamente, no melhor estilo aponte-e-dispare.

Outras, no entanto, tem recursos avançados que permitem maior controle sobre a forma como se fotografa e sobre o resultado final. Entre esses elementos, estão o lcd rotativo, capacidade de fotografar em formato RAW, controle manual de abertura e exposição, fotos em série, etc. Algumas delas, como a câmera abaixo, têm também lentes com uma faixa grande na variação de distância focal, ou, em outras palavras, um grande zoom. Há câmeras capazes de uma grande aproximação com o assunto, com zoom de mais de 12x. Por isso, a escolha de uma câmera desse segmento necessita de bastante pesquisa sobre os recursos que se deseja.

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Digitais Single-Lens Reflex (DSLR)

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As digitais SLR são muito parecidas com as SLR de filme eletrônicas que se mutiplicaram no mercado fotográfico nas décadas de 80 e 90. As únicas diferenças sensíveis são o fato de utilizar o sensor digital no lugar do filme e o uso do lcd para ver as fotos após serem batidas. A composição da foto continua sendo feita através do visor que recebe a imagem do espelho e a câmera continua tendo uma cortina que recobre o sensor até que se faça a foto. Como é possível ver no diagrama abaixo, pouca coisa mudou na arquitetura das câmeras:

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As DSLR também permitem a troca de objetivas como suas irmãs de filme. Na verdade, a maior parte dos fabricantes manteve a compatibilidade, ou seja, é possível usar as mesmas lentes das câmeras de filme nas atuais câmeras digitais, salvo algumas exceções que podem ser resolvidas com adaptadores.

Há outros tipos de câmera que não foram abordadas nesse texto, mas sua utilização é mais restrita, como as estereoscópicas, TLR de 35mm, rangefinders médio formato, digitais de médio e grande formato. As categorias apresentadas, no entanto cobrem a grande maioria do equipamento utilizado por amadores e profissionais.

Antepassados da Fotografia: A Camera Obscura

Muito antes de Niépce ter fotografado o lado de fora de sua janela, em 1826, as câmeras já eram bastante utilizadas entre os artistas. A camera obscura, que podia ser uma pequena caixa de madeira ou metal ou até literalmente um cômodo inteiro, eram utilizadas para projetar imagens em seu interior. O princípio é simples: se houver um espaço, como uma caixa, totalmente vedada da entrada de luz e num dos lados dessa caixa se faz um pequeno furo, permitindo só ali a passagem da luminosidade, a imagem do que está do lado de fora do furo será projetada na parte interna da caixa.

A primeira descrição do funcionamento de uma camera obscura foi feita pelo filósofo chinês Mo-Ti, no século cinco antes de Cristo, conceito que também foi discutido por Aristóteles. Aparentemente, foi o estudioso islâmico Alhazen (965-1039) o primeiro a fazer experimentos com luzes fora de uma sala com um pequeno buraco na parede. Com o tempo, a camera foi diminuindo de tamanho, ganhando lentes para uma melhor projeção e tomando diversas formas.

A partir do século XVII, muitos pintores passaram a utilizar cameras obscuras portáteis para as locações em que compunham suas obras. A partir das projeções das imagens, eram feitos os desenhos como base para pinturas posteriores. Percebe-se, aqui, que todo o princípio ótico da fotografia já era utilizado. A diferença, era na maneira de fixar a imagem, pela mão do pintor, que tem todas as suas especificidades, ao contrário da “pureza” do sal de prata. Essa “pequena” diferença já é suficiente para criar uma grande distância metodológica e conceitual entre as duas práticas.

Um dos pintores que mais utilizaram a camara obscura foi Vermeer. Na pintura abaixo, “A moça com chapéu vermelho”, pode-se observar que há menos nitidez nos elementos aquém e além do assunto principal, por conta da profundidade de campo restrita das lentes. Um avô do desfoque tanto utilizado hoje na fotografia.

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É interessante constatar toda a evolução tecnológica que resultou na fotografia e, especialmente atentar para o uso dessas tecnologia no campo das artes, como ocorreu com a camera obscura. E é ainda mais contundente pensar que mesmo as câmeras reflex atuais baseiam-se num princípio simples concebido há 2500 anos.

Há, ainda hoje, muitas câmaras escuras grandes, em forma de tenda, como pontos turísticos pelo mundo. As lentes, colocadas no topo, projetam em seu interior, através de espelhos ou prismas, a paisagem do entorno.

Fontes:
Brighton & Hove Museums (2006). Cameras obscuras in the UK. http://www.foredown.virtualmuseum.info/camera_obscuras/uk.asp
Discovery Centre (2003). Camera obscura. http://www.up.ac.za/academic/discover/camera/obscura.htm
Naugton, R. (2006). The camer obscura: Aristotle to Zahn. http://www.acmi.net.au/AIC/CAMERA_OBSCURA.html
Wikipedia (2006). Camera obscura. http://en.wikipedia.org/wiki/Camera_obscura
Wilgus, J., & Wilgus, B. (2004). What is a camera obscura? http://brightbytes.com/cosite/what.html

Postado originalmente no Multiply.