Há dez anos, quando a fotografia digital começou a se tornar uma realidade para o mercado, as câmeras — e consequentemente as fotos produzidas por elas — ainda eram muito inferiores às de filme, no que se refere à qualidade. Lembro de usar, nessa época, durante a minha graduação, uma Sony Mavica que gravava imagens de 640×480 pixels em um disquete. Ainda tenho algumas fotos daquela época e vejo que são do nível de fotos de celulares de três ou quatro anos atrás.
Pois bem, a partir desse momento, a fotografia digital evoluiu rapidamente. Em cinco anos, já havia atingido um padrão de qualidade que permitia substituir o filme na maior parte das aplicações. Os fabricantes, durante esse período, concentraram-se principalmente em aumentar a resolução, que era a maior deficiência das câmeras digitais, mas também trabalharam no sentido de fornecer arquivos com mais latitude, menos ruído e diversos formatos.
Chegou-se, então, a um ponto em que as câmeras digitais chegaram num patamar que, para a grande maioria dos usuários, era satisfatório. Com uma câmera de 8 megapixels é possível fazer boas ampliações em quase todos os formatos mais utilizados, há um bom nível de captura de detalhes, cores e luzes, com toda a praticidade do digital. A partir daí, para o consumidor comum, não se justificaria mais o desenvolvimento em termos de aumento de resolução e melhora da qualidade de imagem (embora isso sempre seja justificável para aplicações profissionais ou para maníacos por equipamentos).
O que vemos, no momento, é justamente uma guinada no desenvolvimento dos equipamentos de uso amador. Não se fala mais em câmeras com mais resolução, mais qualidade ou melhor para fotos com pouca luz. Temos, em vez disso: câmeras que fotografam sozinhas (como a Sony Party Shot), que fazem panorâmicas automaticamente, que possuem visor frontal para que se possa tirar “autofotos” melhores, que filmam em alta definição, GPS, wi-fi, entre muitos outros “diferenciais” do mercado. Torna-se claro, então, que os fabricantes estão buscando agregar valor a seus produtos oferecendo recursos supérfluos, que pouco têm a ver com a fotografia em si.
O que se pode concluir ao observar esse movimento é que até pelas atitudes dos fabricantes, fica claro que você não precisa de uma nova câmera, a menos que você esteja pretendendo mudar de categoria (por exemplo, trocar uma compacta por uma reflex). Se não for o caso, a sua câmera digital, mesmo que tenha lá seus três ou quatro anos, já faz muito bem aquilo a que se propõe: tirar fotos. Câmeras mais novas oferecerão muito pouca diferença na qualidade das imagens, embora venham com uma série de recursos adicionais embutidos. Ou seja, elas valem a pena apenas se você é um louco por gadgets, mas não se justificam para alguém que queira apenas fotografar e aperfeiçoar a sua fotografia.
Muito bom pra refletir.
Há um tempo eu conclui algo parecido com relação aos aparelhos celulares. Aquele aparelho chinês com capacidade pra dois chips, sinal de TV, conexão bluetooth e wi-fi, aplicativos de redes sociais e o escambau não é o melhor aparelho para uma criatura que nem sabe mandar SMS. Os celulares já adicionaram funcionalidades muito além de sua função primordial.
Da mesma forma vejo acontecer com as câmeras-gadgets. Quando vi pela primeira vez o recurso de reconhecimento de rostos, ingenuamente conclui que não havia mais o que inventarem.
O problema, ou melhor, a questão é convencer o usuário de que ele não precisa tanto assim dos novos recursos…
Mavica. Até lembro, mas nem pensava em comprar uma câmera naquela época. Mas há algum tempo, vi algumas fotos do TGlow no photosig.com (fotos de antes dele entrar no flickr). As fotos eram feitas com uma Mavica FD-83. Para o tamanho apresentado, eram boas.
Eu comprei a K10D quando a K20D já estava no mercado e não pretendo vendê-la para comprar uma mais nova. Quando ela morrer eu enterro.
Celulares, carros e o resto é bem parecido. O povo troca para manter um ‘status’ e não por necessidade (se bem que uma transmissão da copa com sinal digital é bem melhor que assistir em outra TV, apesar do gol sair depois).
sem dúvida a compra de uma nova câmera – na GRANDE MAIORIA DOS CASOS – é um fenômeno de consumo e só, não agrega nada na fotografia do sujeito…
tenho uma nikon D50 de míseros 6 MP (já fiz ampliações de 90×60 lindas) há anos e estou satisfeito com os resultados…só queria um visor melhor pra usar com facilidade as lentes manuais, e só….