Pixelgrafia

Recebi através do Flickr o contato do estudante Rodrigo Balan Uriartt, que está prestes a se graduar em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rodrigo está desenvolvendo um projeto para seu trabalho de graduação que mistura a tecnologia presente e passada na produção de fotografias: a sensibilização de papel fotográfico pela tela de um computador. Ele descreve o passo a passo do processo:

“1. Preparo a imagem desejada no Photoshop, transformando-a em PB. Inverto para negativo (ctrl + i). Rotaciono horizontalmente (para que a cópia em papel saia na posição original).

2. Uso o IrfanView para visualizar a imagem (chamo-a de matriz) em tela cheia e desligo a tela.

3. Transformo a sala de casa em um laboratório elementar. Três bandejas na mesa com revelador, interruptor (água com vinagre) e fixador – coloco uma luz vermelha de segurança no abajur.

4. Estando tudo no lugar, químicos à postos, imagem na tela desligada do PC, tudo escurinho sob a luz vermelha, coloco o papel sobre o monitor (deitado na horizontal), com um livro ou mousepad para pressionar o papel melhor sobre a superfície, e o exponho ligando e desligando rapidamente o botão do monitor. Esse tempo é bem pequeno (dependendo da imagem matriz e do contraste do papel) – coisa de meio segundo! Mais que isso vela o papel… (Incrível a luz que é emitida e que chega aos nossos olhos todo instante).

5. Seguem os passos normais de revelação, interrupção, fixação e banho da cópia.”

Veja algumas imagens produzidas com o procedimento criado por Rodrigo:


Sonata – Rodrigo Balan Uriartt


Triplo eu – Rodrigo Balan Uriartt


Registro – Rodrigo Balan Uriartt

É uma solução curiosa, mas muito interessante pelos resultados e pela técnica híbrida de produção de imagens, coisa que seria muito bem vista pelo Flusser, de A Filosofia da Caixa Preta. No entanto, o método tem alguns pontos que devem ser considerados, como o próprio Rodrigo explica:

“1. A velocidade de exposição é muito rápida (não dá pra se fechar o obturador do ampliador. Tudo que se pode fazer é reduzir o brilho da tela ao mínimo possível. Então esse tempo de ligar e desligar o monitor tem que ser feito à mão e intuitivamente, pois, até agora, não descobri nenhum programa que administra-se isso.

2. O preto numa tela de computador ainda emite luz. Isso quer dizer que, às vezes, é difícil conseguir tons absolutamente brancos (às áreas pretas na imagem em negativo) no resultado. Para consegui-los tenho trabalhado com imagens mais contrastadas.

3. Em conseqüência dos fatos 1 e 2 a probabilidade de se obter imagens levemente veladas (meio cinzas) é bem grande. Gostaria de experimentar o processo num papel de sensibilização mais lenta, mas ultimamente já está bem difícil achar o material PB! Uma saída seria testar em processos alternativos, tipo goma bicromatada e afins…

4. Nós não percebemos mas as imagens, projetadas na tela de cristal líquido de um computador, são formadas em pixels luminosos por detrás de uma fina película protetora. Essa estreita camada faz com que o papel não fique em absoluto contato com a fonte emissora, ou seja, as imagens resultantes se apresentam levemente desfocadas ou flou.”

Os primeiros trabalhos com essa técnica podem ser vistos no site Pixelgrafx e os mais recentes podem ser encontrados na galeria de Rodrigo Uriartt no Flickr.

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