Fotógrafos amadores geralmente perguntam o que podem fazer para conseguir fotos melhores. Há diversos textos na internet e livros (alguns realmente bons) que abordam esse assunto. Essas publicações trazem uma série de conceitos técnicos e seus impactos na fotografia, como a regra dos terços, como escolher um enquadramento, trabalhar com a profundidade de campo, lidar com as cores e outros pontos. Se você se interessa por isso, recomendo o Tudo Sobre Fotografia, de Michael Busselle (Thomson Learning, R$ 84,90).
No entanto, há uma série de outros aspectos que não são abordados nesses textos e relacionam-se com um processo mais longo, que é a formação cultural do fotógrafo. Um fotógrafo amador que investe nessa área — e certamente é um investimento muito menor do que o gasto com câmeras e lentes — tem chances de ver, a longo prazo, uma evolução constante em suas fotos, até porque permite ir além da excelência técnica, que é o máximo que os livros práticos e os textos na internet geralmente permitem.
É importante perceber, também, que o refinamento cultural não se deve dar apenas na área na qual se atua (nesse caso, a fotografia). Outras formas de arte, como a pintura, a música e o cinema também devem ser englobadas, pois cada uma delas pode contribuir com elementos que estão ausentes nas outras. Portanto, vejamos algumas idéias.
1. Veja uma exposição a cada dois meses.
Se você mora numa cidade como São Paulo, pode ver uma exposição por semana gratuitamente ou pagando um valor irrisório. Mas vamos com calma, tente ver seis exposições por ano para que seja possível refletir e acomodar aquilo que foi visto. Valem exposições de fotografia, pintura, arte contemporânea etc. Para quem precisa de um roteiro, uma boa dica para este mês de maio é o Mês Internacional da Fotografia em São Paulo, ou dar sempre uma passadinha no calendário do Fernando Aznar. Se você não mora numa cidade grande, vale a pena uma ida a alguma cidade vizinha que tenha um calendário cultural mais movimentado.
Investimento (por ano): de 0 a 60 reais.
2. Leia livros teóricos sobre fotografia
Há uma infinidade de livros técnicos sobre o assunto, mas há alguns, poucos, que falam sobre a história da fotografia e melhor, sobre os aspectos culturais e filosóficos embutidos no ato do clique. Entender esses elementos ocultos permite compreender a importância da fotografia para a sociedade moderna e, conseqüentemente, o que está por trás do clique nosso de cada dia. três sugestões de títulos que podem ser lidos durante um ano, com calma:
Câmra Clara, Roland Barthes (Nova Fronteira, R$ 29,00)
Sobre Fotografia, Susan Sontag (Companhia das Letras, R$ 40,50)
O Ato Fotográfico, Philippe Dubois (Papirus, R$ 56,00).
Investimento: R$ 125,50
3. Filtre o conteúdo da internet
Há muita informação útil na internet, como também há muita besteira. Prefira fontes de informação mais confiáveis para aprofundar questões abordadas nos livros ou em outros lugares. Algumas sugestões de conteúdo online:
História da Arte na Wikipédia (surpreendentemente um conteúdo em português bem organizado)
Revista Studuim
Enciclopédia Itaú Cultural
Investimento: 0
4. Participe de cursos e workshops
Mais uma vez, prefira a teoria à prática, já que as fontes de assuntos técnicos já são mais do que abundantes. Em São Paulo, há diversas oportunidades de atividades voltadas a aspectos mais conceituais da fotografia. Um exemplo é o Foco e Pensamento, do fotógrafo Eduardo Ruegg, que foi adiado. Vale consultar o SESC sobre a nova data. Há outros, especialmente nos centros culturais dos bancos que são gratuitos.
Investimento: de 0 a 300 reais
5. Mantenha-se em contato com o trabalho de outros fotógrafos
Aí vale conjugar com o item 3: filtre o conteúdo. Procure nomes e referências consagradas, ou corre-se o risco de patinar dentro do modelo de um grupo fechado. Você pode ver esses trabalhos em exposições, livros, ou até mesmo na internet. Algumas idéias de conteúdo online:
Fotografia no Metropolitan Museum of Art
The Photographic Showcase
Magnum Photos
Young Photographers United
Investimento: 0
6. Abra sua mente, não desista e aceite o diferente
Não adianta seguir nenhuma das sugestões anteriores com uma atitude de “não gosto disso”, “não entendo” ou “é muito difícil ou complicado”. É preciso ter uma certa disposição para aceitar o que é proposto, visual ou literalmente. Alguns conceitos podem ser difíceis no começo, alguns trabalhos podem parecer sem sentido, algumas idéias parecem estar fora do lugar. Mas é importante reler, reexaminar, refletir e aceitar mesmo que não se entenda tudo de cara. Aos poucos, tudo vai fazendo mais sentido e será possível entender tanto os textos mais complicados como o lugar de uma determinada abordagem de um fotógrafo contemporâneo.
Investimento: 0
Fazendo um pouco de cada coisa, você logo percebe como há influência de todo esse conteúdo nas suas fotos, com um investimento que fica entre R$ 125 e R$ 485, que é irrisório frente ao que se gasta em equipamentos. E a diferença é que tudo isso não vai apenas melhorar a sua fotografia, mas vai ampliar seu horizonte cultural, um benefício que não pode ser medido em termos de valor financeiro.
Foto: SsJ Toma
?. S?o boas orienta??es. Existe, Rodrigo, uma fenda, uma fenda que parece a muitos intranspon?vel entre teoria e pr?tica. Voc? j? deve ter visto pessoas que dizem adotar certas teorias como diretrizes, mas na hora da a??o praticam outra coisa. Dar concretude aos conceitos ? a chave, acho.
O resumo de sua opereta ?: v? atr?s. Nada cair? do c?u nem do inferno se o batedor de foto n?o for de encontro ? Fotografia. Ela ? receptiva, n?o ? “fl?sofo-semi?tica” (pra al?vio da maioria!), n?o pede senha nem ingresso mas n?o nos d? nada de gra?a: nos far? melhores seres humanos, mais atentos, receptivos, respeitosos e para sempre zeladores de tudo que documentarmos. Ca?adores de imagens podem ser, na vertical, descobridores de id?ias ou, na horizontal, carca?a de significados.
A busca ? ser diagonal -risos. Os dois eixos interagindo.
Segredos revelados… brincadeira, sei que voc? sempre fez quest?o de ensinar o caminho das pedras a todo mundo que estivesse disposto a ouvir. Adorei as dicas, visitarei a seguir os links e ficarei ligada para os eventos culturais, voltados ou n?o ? Fotografia, que aparecerem na minha cidade.
Gostei do que voc? falou, mesclar com outras formas de Arte. Acho que assistir a um filme meio fora dos padr?es da ind?strica cinematogr?fica ? uma maneira nova de ver como a fotografia pode inovar completamente a maneira de se contar uma hist?ria.
Lamento informar que a oficina do Ruegg foi cancelada por falta de interessados (por minha indica??o 01 amigo inscreveu-se), isto por que estamos no M?s da Fotografia. Pior foi numa oficina anterior, quando la?aram sem crit?rio gente circulante do SESC, s? pra fazer n?mero.
M?s que vem haver? outro workshop, quem sabe a letargia, a retrogradisse, o complexo de inferioridade e o ?dio ao saber d?em um tempo pros paulistanos:
“FOCO E PENSAMENTO, com Gal Oppido
Oficinas ministradas por fot?grafos profissionais, que inicialmente apresentam seus trabalhos pessoais, e depois prop?em aos participantes pr?ticas fotogr?ficas a partir das quest?es levantadas pelo trabalho apresentado. Vagas limitadas.
R$ 50,00; R$ 30,00 (usu?rio matriculado). R$ 25,00 (trabalhador no com?rcio e servi?os matriculado e dependentes).
Dia(s) 13/06, 20/06, 27/06, 04/07 Quartas, das 19h ?s 22h.
SESC Vila Mariana”
[…] são apenas algumas variáveis; existem diversas outras, algumas listadas no artigo Maneiras não ortodoxas de melhorar suas fotos. Todas elas envolvem pontos que podem ser trabalhadas pelos fotógrafos e que têm a ver mais com […]