Modos de medição

Mais um pequeno texto técnico, motivado por uma dúvida que vi num fórum online sobre fotografia. Uma pessoa que pretendia comprar uma Canon 400D apontava a ausência de medição tipo spot nesse modelo e indagava o que isso significava na prática e se isso faria falta.

A resposta para mim parece óbvia: se não se sabe para que serve uma determinada função que não se utiliza, é lógico que ela não fará falta. Mas vamos ao assunto sério: o que são os tipos de modo de medição (metering modes) existente nas câmeras fotográficas?

Desde os anos sessenta, a maior parte das câmeras fotográficas contém alguma forma de medir a luz. Isso porque determinar a quantidade de luz que entra pelo diafragma é um dos pontos mais essenciais da técnica fotográfica, já que a exposição do filme ou do sensor à luz necessita de alguma precisão para que a imagem seja registrada de forma adequada.

Portanto, as câmeras fotográficas contam com fotômetros embutidos. Geralmente, esses fotômetros medem a luz refletida pelos objetos que estão no enquadramento da cena e indicam que há muita, pouca ou quantidade adequada de luz passando pela lente. Se você usa o modo automático, a câmera, através da medição de luz, determinará por conta própria a abertura do diafragma e a velocidade do obturador que permitirá a passagem de luz nessa quantidade adequada. O fotômetro é extremamente útil, mas é preciso lembrar que ele é burro. Isso significa que ele sempre indicará uma quantidade média de luz como ideal. Na prática, significa que se você fotografar uma parede branca ou uma parede preta no modo automático (ou no modo manual deixando o fotômetro no “0”), ambas sairão cinzas. Por isso, é preciso compensar a indicação que o fotômetro dá de acordo com as características de luz da cena.

Os diferentes modos de medição também auxiliam na flexibilização da leitura do fotômetro. Os tipos mais comuns são os seguintes:

Matrix ou evaluative: é o modo “inteligente” que considera o quadro como um todo na busca de uma exposição equilibrada (de acordo com um banco de dados de situações de luz, segundo os fabricantes), que perca o mínimo de detalhes nas sombras e nas altas-luzes. Permite pouco uso criativo por parte do fotógrafo, mas acerta na maior parte das situações ordinárias, sendo útil para os que não querem se preocupar com fotometria.

Center-weighted: também considera o quadro como um todo, mas dá importância maior para o centro. Significa que se há uma diferença de luminosidade entre um primeiro plano centralizado e o fundo, a câmera tenderá a basear a exposição pelo centro, mesmo que isso signifique um fundo escuro ou estourado.

Spot: mede apenas uma pequena área do quadro. É útil para os especialistas em fotometria que gostam de medir diversos pontos da cena, para os que utilizam o sistema de zonas e quando se quer que uma determinada área do quadro apareça com um tom médio de luminosidade. É o modo menos prático e muito suscetível a erros, especialmente para os iniciantes, mas que permite um controle maior sobre a exposição.

Minhas câmeras de filme tem fotômetro de agulha que funciona com o sistema center-weighted. Com alguma paciência e treino é possível fazer uma boa medição mesmo com os sistemas menos sofisticados. Além disso, sempre é possível usar um fotômetro externo ou até mesmo nenhum, guiando-se através de valores memorizados ou utilizando um guia como o que foi divulgado no texto sobre Fotografia sem Fotômetro.

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