Dez maneiras de fugir dos clichês

Há milhões de ótimas fotos na Internet. Fotos surpreendentes, bem trabalhadas, expressivas, contundentes. Basta procurar um pouco em qualquer galeria online. É admirável que, mesmo com tantas fotografias já feitas, ainda assim fotógrafos consigam criar ótimas imagens a cada dia, ou a cada minuto. Ao mesmo tempo em que percebo isso, pergunto-me porque a maior parte das pessoas que fotografam têm dificuldades para sair do lugar comum, para arriscar mais e deixar de usar as velhas fórmulas fotográficas: enquadramentos clássicos, fundos desfocados, nitidez no plano principal, exposição correta etc. Em geral, as fotos mas expressivas não se preocupam com a correção, com o método convencional. Reuno aqui alguns exemplos, descrevendo o que cada uma dessas fotos aponta sobre como fotografar bem, indo além das convenções. Continue lendo “Dez maneiras de fugir dos clichês”

Uma janela e um dia nublado

A luz difusa é a essência do retrato. Ela suaviza as formas do rosto ao mesmo tempo em que cria volume. Não é à toa que em estúdios são utilizados sistemas complexos de iluminação, flashes, rebatedores etc. a fim de se eliminar sombras e criar transições suaves entre áreas mais ou menos iluminadas. Porém, muitas vezes as únicas coisas necessárias para criar essa luz perfeita para fotografar pessoas são muito mais triviais: uma janela, que todos temos à mão; e um dia nublado, que é algo que temos à disposição de tempos em tempos.

Com essa combinação, cria-se uma luz difusa lateral que usualmente joga uma parte do rosto na sombra, enquanto revela detalhes da expressão da pessoa retratada. Mas não é apenas isso. A luz fria e suave proporciona um ambiente de intimidade e proximidade, especialmente porque estamos, nessas fotos, dentro, junto com a pessoa, isolados e protegidos do mundo exterior. A luz difusa também ajuda a moldar o ambiente que cerca o retratado, compondo assim o cenário em que a pessoa é protagonista. Selecionei uma série de fotos que ilustram o universo que vai do cotidiano ao melancólico e que pode ser criado, apenas com os elementos mais básicos da fotografia: uma câmera e uma boa luz. Continue lendo “Uma janela e um dia nublado”