Entrevista para o blog Frame

O Peri, que mantém o blog Frame, sobre fotografia, gentilmente me convidou para um entrevista sobre esse assunto que os blogs têm em comum. Embora já trocássemos ideias em diversos “locais” pela internet, foi uma ótima experiência falar diretamente sobre o tema, e tê-lo como um interlocutor real. Agradeço ao Peri pela oportunidade de conversa e pelas ótimas perguntas, que me ajudaram a rever minha própria trajetória e organizar minhas concepções sobre a fotografia.

A entrevista completa pode ser acessada no Frame. Seguem alguns trechos:

Frame: Você tocou num ponto interessante que é a mudança de sistema de fotografia.
Enquanto a maioria foca no upgrade de seus equipamentos, atualizando sistemas e adquirindo novos materiais, você vai no caminho inverso e reduz o seu, ficando como você mesmo disse, apenas com uma compacta e uma câmera de filme.
A que conclusão você chegou com esta mudança?

Rodrigo: Acho que a redução do equipamento veio junto com uma mudança de estilo de vida, em que reduzi muitas outras coisas, como livros, roupas, eletrônicos… Numa tentativa de viver mais com o essencial. E na fotografia foi a mesma coisa. Eu não precisava de cinco ou seis câmeras. Depois vi que não precisava mais de uma reflex digital. Poderia até deixar de fazer algum tipo específico de foto, mas isso não compensava o “estorvo” de um monte de trambolhos para serem guardados, carregados, consertados. Associado a isso, percebi que poderia fazer a maior parte das fotos que já fazia usando uma compacta, ou até mesmo um celular. Depois dessa mudança, confirmei a hipótese de que eu precisava de muito menos do que eu achava. Não sinto falta, pois procuro pensar naquilo que eu posso fazer com o que tenho em mãos, e não no que poderia fazer se tivesse um outro equipamento.

Frame: E, a fotografia no mundo atual com toda esta velocidade tem deixado de ser “obra” para ser mera produção visual sem um aprofundamento adequado?

Rodrigo: Essa é uma pergunta interessante. Penso que ninguém é obrigado a saber fotografar, do mesmo jeito que ninguém é obrigado a saber preparar um suflê. Quem quiser se aprofundar em um desses assuntos pode ir fazer um curso de fotografia ou de culinária, mas quem não quiser pode simplesmente fotografar no celular (em que o aparelho toma as decisões técnicas para a pessoa) ou ir a um restaurante (em que o cozinheiro prepara o suflê para a pessoa). Não acho que exista um jeito certo ou adequado de produzir fotografias. Todos os jeitos são válidos, porque partem da função que a fotografia tem para cada pessoa. Pode apenas ser o de mostrar um momento como pode ser um hobby, um objeto de estudo ou um trabalho. Cada pessoa pode encará-la da forma que quiser e seria estranho dizer que uma é melhor do que a outra, ou que uma é mais adequada do que a outra. Se a fotografia cumpriu a função que tinha para a pessoa que a fez ou que a viu, ela é válida.