Regras de composição

FlorFiz uma busca na internet sobre composição em fotografia em inglês. Eu esperava encontrar algumas coisas repetidas, mas me surpreendi ao achar dezenas e dezenas de sites falando absolutamente as mesmas coisas. Basicamente, sobre a proporção áurea, regra dos terços e algumas outras dicas simples.

O que eu estranhei mais ainda foi o fato de ser quase ausente espaço para criatividade do fotógrafo, através do questionamento ou salvaguarda em relação a essas regras. Um ou outro site falava da quebra de regras, mas de uma forma tão mecânica quanto os outros. Não surpreende, com isso, que muitas pessoas estejam em busca de uma fotografia correta, homogênea, e totalmente monótona, uma vez que essas recomendações são seguidas ardorosamente.

Na minha concepção, regras são úteis se tomadas como diretrizes no início do processo de aprendizado. Elas servem para nos tirar da total falta de noção sobre o processo e mostram que podemos obter melhores resultados. Mas a partir do momento em que o fotógrafo passa dessa primeiro nível de conhecimento, elas devem ser esquecidas, mais ou menos como os clichês deixados de lado, a menos que representem em si parte da linguagem do autor. Então, vou apresentá-las aqui para num próximo texto tecer mais considerações sobre elas.

1. Regra dos Terços
A preferida de 9 entre 10 autores de textos sobre composição em fotografia. Consiste em dividir (mentalmente ou através do grid automático já presente em muitas câmeras digitais) a cena em 9 partes iguais, com duas linhas horizontais e duas verticais. Recomenda-se colocar os pontos de interesse nos cruzamentos dessas linhas.

2. Proporção áurea
Usada na arte desde a era clássica, mas com muito destaque no renascimento, ainda é colocado como uma boa forma de compor fotografias. Especialmente usando a divisão do quadros em retângulos ou em uma espiral que resuma a relação entre comprimento e largura resultante em 1,618.

3. Encher o quadro
O fotógrafo sempre deve fazer com que o assunto ocupe todo o quadro, sem espaços vazios na foto.

4. Não centralizar o assunto
Oriunda da regra dos terços, essa regra nos diz que o assunto nunca deve estar exatamente no centro da foto, e sim, deslocado para um dos pontos áureos.

5. Não cortar o assunto
Pessoas e animais especialmente não devem ser cortados, ou ao menos não cortados de forma que prejudique o equilíbrio da foto. Já ouvi, por exemplo, que é muito estranho cortar uma pessoa nos pontos de suas articulações (joelhos, cotovelos etc).

6. Mais espaço na frente do assunto
Se o assunto é uma pessoa, ou algo em movimento, deve-se deixar espaço na direção em que ela estiver olhando ou se movendo, para não dirigir a atenção do espectador para o “fora do quadro”, o que quebraria o equilíbrio da foto.

Essa são apenas algumas. Há outras sobre perspectiva, uso de cores e eqüilíbrio. Mais uma vez, ressalto que esse tipo de sugestão tem valor, especialmente para o fotógrafo iniciante ou aquele que apenas quer saber como melhorar seus retratos de fim de semana. Nesses casos, essas regras já serão estudo suficiente. Agora, para aqueles que buscam desenvolver a fotografia como forma de expressão, com estilo próprio, ater-se a essas sugestões é atirar no próprio pé. O importante, mais uma vez, é o questionamento e a consciência por trás da utilização dessas técnicas.

Foto: Hilary Quinn

Postado originalmente no Multiply. Recomendo a visita para acompanhar a discussão que se seguiu.

Um comentário em “Regras de composição”

  1. Hoje, quase oito meses ap?s ter escrito esse texto, tenho sido mais condescendeste com essa coisa da composi??o. Na ?poca via isso como uma amarra, uma bitola??o contraprodutiva. Agora, vejo com mais naturalidade o emprego dessas t?cnicas, at? por achar que os problemas centrais da fotografia v?o muito al?m dessa quest?o.

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